Mulheres pretas e pardas de 15 a 29 anos representam 45,2% de todos os jovens que nĂŁo estudam nem trabalham. Esse Ă© o maior patamar jĂĄ demonstrado pela SĂntese de Indicadores Sociais, pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂstica (IBGE) desde 2012 e divulgada nesta quarta-feira (4).
O patamar mais alto anterior havia sido alcançado em 2015, quando as jovens negras â conjunto de pretas e pardas – eram 44% dos jovens que nĂŁo trabalhavam nem estudavam. JĂĄ o ponto mais baixo da sĂ©rie foi em 2020, quando elas eram 41,6% do grupo nessa situação.
Em 2023, enquanto as negras eram quase metade das pessoas de 15 a 29 anos que nĂŁo estudavam nem trabalhavam, as mulheres brancas eram 18,9%. Os homens brancos respondiam por 11,3%, enquanto os homens pretos e pardos formavam 23,4%. Os demais sĂŁo amarelos, indĂgenas ou sem declaração de cor.
As negras nessa situação somam 4,6 milhÔes de pessoas. Delas, 23,2% são classificadas pelo IBGE como desocupadas, ou seja, fazem parte da força de trabalho, mas não conseguiram ocupação. Jå 76,8% estão fora da força de trabalho. Isso significa que sequer conseguem procurar emprego.
âSĂŁo mulheres que tĂȘm que ficar em casa, tomando conta de filho, de algum parente, que nĂŁo tĂȘm alguma rede de apoio. SĂŁo essas mulheres pretas e pardas que nĂŁo conseguem nem ir em busca de uma colocaçãoâ, explica a pesquisadora do IBGE Denise Guichard Freire.
O IBGE explica que a SĂntese de Indicadores Sociais considerou como estudo a frequĂȘncia Ă escola, deixando de fora casos de cursos prĂ©-vestibular, tĂ©cnico de nĂvel mĂ©dio e qualificação, por exemplo. âA anĂĄlise se restringe aos jovens que nĂŁo estudavam e nĂŁo estavam ocupados, em vez do grupo ampliado que inclui tambĂ©m os que nĂŁo se qualificavamâ, explica o instituto.
NĂvel mais baixo
No paĂs, 10,3 milhĂ”es de jovens estavam sem estudar e sem trabalhar em 2023, o que equivale a 21,2% da população de 15 a 29 anos. Esse Ă© o nĂvel mais baixo registrado desde 2012, quando começou a pesquisa.
O ponto mais alto apurado pelo levantamento foi em 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19, quando a proporção de jovens que não estudavam nem trabalhavam atingiu 26,7%.
Em 2022 eram 22,3%. A redução entre os dois Ășltimos anos da pesquisa foi de 5,8%, menos 633 mil pessoas.
Para a pesquisadora Denise Freire, dois fatores explicam a queda. Um deles Ă© demogrĂĄfico, âtem menos jovens da população brasileiraâ.
O outro estĂĄ associado Ă dinĂąmica do mercado de trabalho. âĂ medida que vocĂȘ tem a retomada do mercado de trabalho com nĂvel de ocupação aumentando e mais oportunidade, existe a tendĂȘncia de uma redução desse percentualâ, complementa.
Separando por cor e sexo, as jovens brancas tiveram a participação reduzida em 11,4%; os jovens brancos, em 6,5%; os jovens negros, em 9,3%; e as jovens negras tiveram o menor decréscimo, 1,6%.
Ela defende que o grupo de jovens pretas e pardas seja alvo de polĂticas pĂșblicas. âĂ o grupo que tem a maior dificuldade de sair em busca de colocação no mercado de trabalho ou voltar a estudar. SĂŁo as pessoas para as quais devemos ter um olhar mais atento para polĂticas pĂșblicasâ, assinala.





