STF torna mais 10 réus pela trama golpista; total chega a 31

Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira (20) tornar rĂ©us mais dez denunciados pelo envolvimento no nĂșcleo 3 da trama golpista durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O colegiado tambĂ©m rejeitou as duas primeiras denĂșncias da Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) sobre a tentativa de golpe.

Por falta de provas, os ministros rejeitaram as acusaçÔes contra o tenente-coronel Cleverson Ney Magalhães, ex-assessor do general Estevam Theophilo, e o general Nilton Diniz Rodrigues, ex-assessor do ex-comandante do Exército Freire Gomes. 

Com a decisĂŁo, 31 dos 34 denunciados pela procuradoria se tornaram rĂ©us e vĂŁo responder pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violĂȘncia e grave ameaça e deterioração de patrimĂŽnio tombado.

Em março deste ano, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete denunciados foram os primeiros acusados a se tornarem rĂ©us. Eles fazem parte do nĂșcleo 1 da investigação. 

AlĂ©m desse nĂșcleo, jĂĄ foram julgados os nĂșcleos 2, 3 e 4. Falta o julgamento contra o nĂșcleo 5, que Ă© formado pelo empresĂĄrio Paulo Figueiredo, neto de JoĂŁo Figueiredo, Ășltimo presidente da RepĂșblica no perĂ­odo da ditadura militar. Ele mora dos Estados Unidos, nĂŁo apresentou defesa no processo e pode ser julgado Ă  revelia.

NĂșcleo 3

Durante o julgamento, por unanimidade, os ministros da Primeira Turma aceitaram denĂșncia da PGR contra nove militares do ExĂ©rcito e um policial federal. O colegiado concordou que hĂĄ indĂ­cios de que os acusados planejaram açÔes para efetivar o plano golpista de Bolsonaro.

Parte dos militares fazia parte das forças especiais do Exército, grupo conhecido como kids pretos. 

Com a decisão, se tornaram réus os seguintes acusados: 

  • Bernardo RomĂŁo Correa Netto (coronel);
  • Estevam Theophilo (general);
  • FabrĂ­cio Moreira de Bastos (coronel);
  • HĂ©lio Ferreira (tenente-coronel);
  • MĂĄrcio Nunes de Resende JĂșnior (coronel);
  • Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel);
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel);
  • Ronald Ferreira de AraĂșjo JĂșnior (tenente-coronel);
  • SĂ©rgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel);
  • Wladimir Matos Soares (policial federal).

Relator 

O placar unĂąnime do julgamento foi obtido com o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, e dos ministros FlĂĄvio Dino, Luiz Fux, CĂĄrmen LĂșcia e Cristiano Zanin. 

Para Moraes, a acusação conseguiu apontar indícios de que houve mobilização dos acusados para efetivação de açÔes em prol da tentativa golpista. 

O ministro citou reuniÔes entre os kids pretos para elaboração de estratégias para pressionar os comandantes das Forças Armadas a aderirem à trama golpista. 

“NĂŁo era uma reuniĂŁo de amigos como foi dito [pelas defesas], conversa de bar, jogar conversa fora. Na verdade, era para jogar a democracia fora”, disse.

Além disso, Moraes mencionou outra reunião entre o chefe de operaçÔes terrestres do Exército, general Estevam Theophilo, um dos réus, e Bolsonaro, no final de 2022, dois dias após o então comandante do Exército, general Freire Gomes, se recusar a aderir à tentativa golpista. 

Segundo o ministro, nĂŁo Ă© normal o presidente da RepĂșblica se reunir com chefes de departamentos das Forças Armadas. No entendimento de Moraes, Bolsonaro tentou cooptar o general para obter apoio ao golpe. 

“Quem se reĂșne com o presidente Ă© o comandante do ExĂ©rcito. É o comandante da força que se reĂșne com o presidente”, concluiu. 

PrĂłximas etapas

Com a aceitação da denĂșncia, serĂĄ aberta uma ação penal na Corte. A abertura marca o inĂ­cio a instrução processual, fase na qual os advogados poderĂŁo indicar testemunhas e pedir a produção de novas provas para comprovarem as teses de defesa.

Os acusados também serão interrogados ao final dessa fase. Os trabalhos serão conduzidos pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

Após o fim da instrução, o julgamento serå marcado, e os ministros vão decidir se o ex-presidente e os demais acusados serão condenados à prisão ou absolvidos. Não hå data definida para o julgamento.

Em caso de condenação, a soma das penas para os crimes passa de 30 anos de prisão.

Defesas

Durante o julgamento, as defesas dos réus negaram as acusaçÔes e sustentaram que a PGR não apresentou provas. 

AGÊNCIA BRASIL