Morreu nesta segunda-feira (28), no Rio de Janeiro, aos 74 anos, o jornalista Marcelo Beraba, que influenciou geraçÔes de repĂłrteres ao comandar grandes redaçÔes de jornais no Rio de Janeiro, em SĂŁo Paulo e BrasĂlia ao longo de mais de 50 anos de carreira.Â
Beraba descobriu um cĂąncer no cĂ©rebro em março deste ano e chegou a ser operado no Hospital Copa dâOr, onde estava internado, mas nĂŁo resistiu Ă s complicaçÔes da doença.
O jornalista foi o idealizador, fundador e primeiro presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), responsĂĄvel pela organização dos maiores congressos de jornalismo do hemisfĂ©rio sul. Ele era um defensor da liberdade de imprensa e promotor do jornalismo investigativo como ferramenta essencial para o fortalecimento da democracia.Â
âSem Beraba nĂŁo haveria Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Sem Beraba, a Abraji nĂŁo teria crescido e se consolidado como uma das maiores organizaçÔes de jornalismo investigativo do mundo, indo muito alĂ©m do que seus fundadores imaginavam naquele dezembro de 2002â, destacou o diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas AmĂ©ricas, Rosental Calmon Alves.Â
Beraba deixa a esposa, Elvira, duas filhas, dois enteados e trĂȘs netos. O velĂłrio serĂĄ nesta quarta-feira, (30), no memorial do Carmo, das 12h30 Ă s 15h30.
TrajetĂłria
Marcelo JosĂ© Beraba nasceu no Rio de Janeiro, em 29 de abril de 1951. Estudou no ColĂ©gio Santo InĂĄcio, tradicional escola jesuĂta em Botafogo, na zona sul do Rio. CatĂłlico, passou quase quatro anos em um seminĂĄrio, primeiro em Vila Velha, no EspĂrito Santo, e depois em Mendes, no interior do Rio de Janeiro.Â
No final de 1970, ele voltou ao Rio e prestou vestibular para a Escola de Comunicação da UFRJ. E passou em primeiro lugar.
Em 1971, antes do inĂcio das aulas na faculdade, Marcelo Beraba conseguiu seu primeiro emprego como estagiĂĄrio de repĂłrter, no jornal O Globo. Beraba tambĂ©m tornou-se uma referĂȘncia Ă©tica e profissional em grandes redaçÔes brasileiras, como as da Folha de S.Paulo, Jornal do Brasil, TV Globo e O Estado de S.Paulo.Â
Em 2002, após o assassinato do jornalista Tim Lopes, morto por traficantes enquanto fazia uma reportagem investigativa na Vila Cruzeiro, no Rio, Beraba liderou um grupo de colegas de diferentes redaçÔes que começaram a se reunir com o objetivo de formar uma associação de jornalistas que pudesse ser uma ferramenta de defesa da liberdade de imprensa, de expressão e da formação de melhores jornalistas investigativos.
Em um destes primeiros encontros, na sede do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, nascia o embrião do que mais tarde seria a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a Abraji. A Abraji foi fundada naquele ano e Beraba foi o seu primeiro presidente.