Governo corre contra o tempo para aprovar MP da arrecadação e evitar aumento do IOF

O governo federal tenta costurar um acordo de emergência para garantir a aprovação da MP da arrecadação, que substitui o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
A proposta precisa ser votada até quarta-feira (8), prazo final antes da perda de validade.

A reunião decisiva entre o Palácio do Planalto e a base aliada ocorrerá nesta terça-feira (7), em Brasília. O objetivo é viabilizar o texto em três etapas: comissão mista, Câmara dos Deputados e Senado — todas previstas até o último dia de vigência da medida.

MP da arrecadação enfrenta impasse sobre taxação de LCI e LCA

Editada em junho pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a MP propõe novas regras tributárias para ampliar a receita pública, sem elevar o IOF.
Entre as medidas, estão aumento de alíquotas sobre juros sobre capital próprio, tributação de apostas esportivas e unificação de impostos sobre investimentos.

O principal entrave é a inclusão das letras de créditoLCI (Imobiliário) e LCA (Agronegócio) —, atualmente isentas de tributos.
A bancada ruralista resiste à medida e ameaça bloquear a votação.
O governo pretendia aplicar 5% de imposto, enquanto o relator, Carlos Zarattini (PT-SP), sugeriu 7,5%. Diante da rejeição, ele retirou a taxação do texto.

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a prioridade é assegurar a aprovação da MP, mesmo que o tema volte em outro momento.

“O Congresso tem pedido para deixar essa discussão para depois. Como o impacto é pequeno, podemos tratar mais adiante. A finalidade era regulatória”, afirmou.

Principais mudanças da MP da arrecadação

A Medida Provisória altera várias regras tributárias com foco em equilíbrio fiscal e justiça social. Veja os principais pontos:

Apostas esportivas

  • Aumento da alíquota sobre o GGR (Gross Gaming Revenue) de 12% para 18%.

  • Imposto incide sobre a receita líquida das casas de apostas (diferença entre valores apostados e prêmios pagos).

  • Os 6 pontos percentuais adicionais vão para a seguridade social, com foco em ações de saúde mental.

Instituições financeiras

Investimentos financeiros

  • Unificação do Imposto de Renda sobre aplicações em 17,5% (antes, variava de 15% a 22,5%).

  • Nova alíquota vale para:

    • Aplicações financeiras e ganhos em bolsa;

    • Criptoativos e ativos virtuais;

    • Fundos imobiliários (FIIs) e Fiagro;

    • Fundos de índice de renda fixa;

    • Investimentos no exterior.

Juros sobre Capital Próprio (JCP)

Risco fiscal e cronograma apertado

Sem a aprovação, o governo perde instrumentos para elevar a arrecadação ainda neste ano.
A equipe econômica teme impactos no equilíbrio fiscal e na meta de resultado primário.
Por isso, o Planalto intensifica as articulações políticas nas próximas 48 horas.

A votação da comissão mista ocorre nesta terça (7). Se aprovada, a MP segue na quarta (8) para Câmara e Senado, no mesmo dia, em ritmo de urgência.

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