STF suspende leis que proibiram ensino de gĂȘnero nas escolas

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (15) suspender leis que proibiram o ensino de matĂ©rias sobre identidade de gĂȘnero e orientação sexual nos municĂ­pios de TubarĂŁo (SC), Petrolina e Garanhuns, em Pernambuco. 

A decisĂŁo foi tomada a partir do julgamento de duas açÔes protocoladas pela Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) e pelo PSOL.

As leis municipais vetaram o ensino de gĂȘnero em disciplinas obrigatĂłrias, em materiais didĂĄticos e nos espaços escolares. AlĂ©m disso, a lei de Petrolina ainda proibiu a permanĂȘncia de livros sobre o tema nas bibliotecas das escolas do municĂ­pio.

Votos 

Durante o julgamento, o ministro Alexandre de Moraes defendeu o combate ao discurso de ódio contra a população LGBTIQIA+ e disse que a educação contra discriminação deve ser incentivada.

“NinguĂ©m defende que nĂŁo se deva preservar a infĂąncia, mas preservar a infĂąncia nĂŁo significa esconder a realidade, omitir informaçÔes sĂ©rias e corretas sobre identidade de gĂȘnero”, disse.

O ministro FlĂĄvio Dino disse que a cultura da sociedade mudou e nĂŁo existe somente o modelo de “famĂ­lia tradicional”. Dino tambĂ©m argumentou que somente uma lei federal pode tratar de assuntos ligados Ă  educação.

“O ato de ensinar e aprender Ă© submetido a uma lei, que Ă© a LDB [Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional], argumentou.

Nunes Marques também acompanhou a maioria para suspender as leis, mas ponderou que é necessårio que a exposição do tema ocorra conforme a idade dos alunos.

“Preservar a infĂąncia nĂŁo Ă© conservadorismo. É reconhecer que toda liberdade genuĂ­na nasce da maturidade e que apressar esse processo significa limitar a liberdade futura do adulto que essa criança se tornarĂĄ”, completou. 

LGBTIQIA+

O Grupo Arco-Íris, um dos principais grupos do movimento LGBTIQIA+, participou do julgamento e citou que o impedimento do ensino de gĂȘnero nas escolas tem sido recorrente em diversos estados e municĂ­pios.

O advogado Carlos Nicodemos afirmou que a Constituição e normas internacionais garantem que toda pessoa tem direito de ser protegida contra qualquer tipo de discriminação.

“É necessĂĄrio, hoje, no dia 15 de outubro, Dia do Professor, debater a criação de leis municipais que tentam afetar a liberdade de cĂĄtedra na construção de um olhar diverso, plural e inclusivo da educação”, comentou. 

AGÊNCIA BRASIL