O artesanato é porta aberta para conhecer um mundo de diferentes cores e formas. Para muitas mulheres, ele se transforma em abrigo emocional e motor de esperança em dias difíceis. As histórias de duas artesãs de Lagoa Seca são prova disso.
Gitana Maria Araújo Marques tem 64 anos. Nascida em Campina Grande, sua trajetória no artesanato começou ainda na infância quando aprendeu crochê com a tia-avó. Por meio de aulas na Igreja Presbiteriana, ela investiu o tempo na técnica chamada popularmente ‘crochê de grampo’.
“Hoje, meu carro-chefe é a produção de bolsas, porta-óculos e passadeiras. As bolsas, por exemplo, se tornaram o principal produto, com modelos inspirados em grifes renomadas”, diz.
Em 2017, Gitana recebeu a notícia de que estava com neoplasia no ovário, situação considerada sem cura pela medicina. Contrariando as expectativas, ela afirma que segue o tratamento contínuo e mantém uma rotina ativa, cheia de fé e bom humor. “O artesanato é parte do meu testemunho de vida. É o que me ajuda a não focar na doença. Para mim, manter a mente ocupada é necessário”, assegura ao completar que não se entregou à ansiedade ou depressão diante da quimioterapia.
A artesã conta que participa ativamente das feiras e de outros eventos envolvendo o artesanato. Perguntada se acredita ser inspiração para as pessoas, a mulher sinônimo de resistência busca não parar. “Valorizo cada dia vivido e mantenho postura otimista diante da vida”.
Aos 58 anos, Maria José de Araújo Rodrigues, conhecida como Loura, acumula mais de três décadas de dedicação à arte manual. Aprendeu o ofício na adolescência, com a própria irmã e mais tarde se aperfeiçoou. Já transitou pelo crochê e pela pintura, entretanto foi nas bonecas de pano a rota da própria identidade artística.
Recentemente, um diagnóstico transformou a rotina dela. Após passar por exames, descobriu câncer no útero. A cirurgia, inclusive, está marcada para a próxima segunda-feira.
“Os médicos avaliam que há possibilidade de eu não precisar de tratamentos adicionais, dependendo do resultado da operação. A família tem sido minha base emocional, me incentivando a ficar forte diante do momento delicado”, comenta.
Enquanto enfrenta a espera pela cirurgia, o artesanato se tornou o principal companheiro. Produzir bonecas de pano é saída para aliviar a ansiedade, controlar o medo e preencher o dia com algo que lhe dá prazer. “Quando estou trabalhando, esqueço de tudo. Me ajuda a manter o ânimo”, explica.
Nesta semana, Gitana e Loura marcam presença na feira de artesanato, durante a sexta edição da Festa do Artesanato – O Festival Estadual do Artista Popular, que começou na última terça-feira e segue até domingo, no Estádio O Titão em Lagoa Seca.
Entre fios, agulhas e tecidos, ambas mostram que a profissão em comum é mais do que arte: é coragem, resistência e esperança.














