CĂąmara pode votar Lei da Reciprocidade Comercial ainda esta semana

A Cùmara dos Deputados pode votar ainda nesta semana o Projeto de Lei  2.088/2023, Lei de Reciprocidade Comercial, que autoriza o governo brasileiro a adotar medidas comerciais contra países e blocos que imponham barreiras aos produtos do Brasil no mercado global.

O texto do PL foi aprovado nesta terça-feira (1) na Comissão de Assuntos EconÎmicos (CAE) e no plenårio do Senado, por unanimidade.

O tema se tornou prioridade no Congresso apĂłs o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, anunciar que vai impor “tarifas recĂ­procas” contra parceiros comerciais. O anĂșncio do novo tarifaço estĂĄ previsto para as 17h (horĂĄrio dos EUA) desta quarta-feira.

O presidente da Cùmara, deputado Hugo Motta (Republicanos/PB), informou que vai trabalhar junto ao Colégio de Líderes para pautar o tema ainda esta semana.  

“Como esse Ă© um tema excepcional, e nĂłs temos uma data jĂĄ precificada de uma possĂ­vel movimentação dos Estados Unidos com relação aos produtos brasileiros, nĂłs jĂĄ estamos conversando com o ColĂ©gio de LĂ­deres, para que, se possĂ­vel, excepcionalmente, possamos trazer a matĂ©ria ao plenĂĄrio ainda esta semana”, anunciou o presidente da Casa.

Para Motta, o episódio entre EUA e Brasil deve superar as diferenças políticas dentro do Parlamento. 

“Nas horas mais importantes não existe um Brasil de esquerda ou um Brasil de direita. Existe apenas o povo brasileiro. E nós, representantes do povo, temos de ter a capacidade de defender o povo acima de nossas diferenças”, disse.

O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, promete obstruir todas as votaçÔes para pressionar pelo Projeto de Lei da Anistia. O lĂ­der do partido na CĂąmara, deputado SĂłstenes Cavalcante (RJ), informou Ă  AgĂȘncia Brasil que a legenda vai obstruir tudo. “Obstruir e tornar o processo legislativo lento”, garantiu.

A votação da Lei de Reciprocidade Comercial esta semana tem o apoio do presidente da Frente Parlamentar Agropecuåria (FPA), deputado Pedro Lupion (PP/PR).

“Nossos concorrentes mundiais, os grandes players mundiais do comĂ©rcio internacional, tĂȘm uma lei para defender os seus interesses e o Brasil nĂŁo tem. NĂłs precisamos disso, e Ă© importante essa celeridade”, defendeu.

O líder do PT na Cùmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), argumentou que não hå como o projeto da anistia avançar e defendeu que a Casa aprecie logo o PL da Reciprocidade Comercial.

“Diziam que iam pautar a anistia esta semana. NĂŁo vai ter anistia esta semana por um motivo bem claro, esta Casa, o presidente [da CĂąmara] Hugo Motta, a maioria dos partidos, pensaram no Poder Legislativo. NĂŁo faz sentido paralisar uma pauta, votaçÔes importantes, em cima de um projeto de anistia que, alĂ©m de tudo, Ă© inconstitucional”, destacou.

Reciprocidade

O Artigo 1Âș do projeto de lei da reciprocidade comercial estabelece critĂ©rios para respostas a açÔes, polĂ­ticas ou prĂĄticas unilaterais de paĂ­s ou bloco econĂŽmico que “impactem negativamente a competitividade internacional brasileira”.

Se aprovada, a lei valerá para países ou blocos que “interfiram nas escolhas legítimas e soberanas do Brasil”. 

No Artigo 3Âș, fica autorizado o Conselho EstratĂ©gico da CĂąmara de ComĂ©rcio Exterior (Camex), ligado ao Executivo, a “adotar contramedidas na forma de restrição Ă s importaçÔes de bens e serviços”, prevendo ainda medidas de negociação entre as partes antes de qualquer decisĂŁo.

À vĂ©spera do anĂșncio do novo tarifaço de Donald Trump, um escritĂłrio ligado ao governo dos EUA divulgou relatĂłrio com crĂ­ticas ao modelo de tarifas que o Brasil impĂ”e Ă s importaçÔes em setores como etanol, audiovisual, bebidas alcoĂłlicas, produtos de telecomunicaçÔes, mĂĄquinas e equipamentos e carne suĂ­na, alĂ©m de reclamar da preferĂȘncia dada pela legislação e normas do Brasil aos produtores nacionais.

AGÊNCIA BRASIL