Câncer e fertilidade: especialistas discutem como salvar vidas sem roubar futuros

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que até 80% das mulheres jovens em tratamento oncológico correm risco de perder a fertilidade devido aos efeitos da quimioterapia e da radioterapia. Essa estatística, somada ao impacto crescente da nutrição no tratamento do câncer, pautou uma reunião científica transformadora realizada num restaurante da capital, que reuniu especialistas de diferentes áreas, como a embriologista internacional, Dra. Salomé Espínola, referência em oncofertilidade.

A nutricionista Ângela Gadelha apresentou evidências de que a terapia nutricional especializada melhora os desfechos de pacientes oncológicos, reforçando quenão se trata apenas de manter peso, mas de fornecer nutrientes que ajudam o corpo a suportar os efeitos colaterais e fortalecer o sistema imunológico”. O tema da imunonutrição, que envolve o uso de alimentos capazes de modular a resposta imunológica, foi um dos pontos altos da programação.

Dra. Salomé destacou que a medicina oncológica deu saltos importantes, aumentando a sobrevida e salvando vidas. Porém, muitos desses tratamentos deixam como sequela a infertilidade. “Precisamos oferecer alternativas para que o paciente não perca também a esperança de ter uma família,” lembrou.

A especialista destacou que a oncofertilidade é justamente essa encruzilhada: ao mesmo tempo que se combate o câncer com tratamentos potentes, é preciso pensar no futuro reprodutivo dos pacientes. Entre as estratégias mencionadas, estão o congelamento de óvulos, embriões e espermatozoides antes do início da quimioterapia ou radioterapia.

O encontro, que contou ainda com médicos oncologistas, gastroenterologistas, ginecologistas, psicólogos e nutricionistas, reforçou a importância de uma abordagem multidisciplinar. “O cuidado integral não se resume à eliminação do tumor. Ele precisa contemplar corpo, mente e também os projetos de vida que cada paciente deseja realizar após vencer a doença,” evidenciou.

Com mais de 30 anos de evidências científicas, a imunonutrição segue se consolidando como um aliado indispensável no tratamento. Estudos já comprovam seu impacto em pacientes submetidos à cirurgia oncológica e durante quimio e radioterapia, especialmente nos casos de tumores de cabeça e pescoço. “A imunonutrição vai além do estado nutricional: é um cuidado metabólico que faz diferença no resultado final,” destacou Ângela Gadelha.

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