A coronel da PolĂcia Militar do Distrito Federal CĂntia Queiroz disse nesta terça-feira (27) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, se o planejamento de segurança tivesse sido seguido, os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 nĂŁo teriam ocorrido.
CĂntia prestou depoimento ao ministro Alexandre de Moraes como testemunha indicada pela defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro e um dos rĂ©us do NĂșcleo 1 da trama golpista. Â
Em 8 de janeiro, Torres era secretĂĄrio de Segurança PĂșblica do Distrito Federal e estava de fĂ©rias nos Estados Unidos. A coronel ocupava o cargo de subsecretĂĄria de operaçÔes.Â
Durante a oitiva, CĂntia disse que o plano de segurança elaborado previa a chegada de cerca de 2 mil pessoas em caravanas e definiu que os manifestantes nĂŁo poderiam entrar na Esplanada dos MinistĂ©rios.
Perguntada pela defesa de Torres se as invasĂ”es teriam ocorrido se o plano tivesse sido cumprido, a coronel respondeu negativamente. âNĂŁo, com certeza, nĂŁo”, afirmou.
PolĂcia FederalÂ
O Supremo tambĂ©m ouviu delegados da PolĂcia Federal (PF) indicados como testemunhas de Anderson Torres.Â
Em um dos depoimentos, o ex-diretor da PF MĂĄrcio Nunes disse que participou de uma reuniĂŁo durante as eleiçÔes de 2022, na qual Torres pediu que a PolĂcia Federal atuasse âcom o mesmo Ămpetoâ do primeiro turno para evitar crimes eleitorais.
“[Torres] pediu que nĂŁo esmorecĂȘssemos, que continuĂĄssemos com o mesmo Ămpeto para evitar crimesâ, afirmou.
O ex-diretor negou que a PF tenha realizado âpoliciamento direcionadoâ, assim como foi realizado pela PolĂcia RodoviĂĄria Federal (PRF), para barrar ĂŽnibus de eleitores do Nordeste, regiĂŁo que deu mais votos para o presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva no primeiro turno.
Segundo Nunes, a atuação da PF nas eleiçÔes foi feita dentro da lei e Ă© corriqueira durante as eleiçÔes. Durante o pleito, agentes tambĂ©m realizaram policiamento ostensivo para auxiliar na segurança da votação.Â
“As eleiçÔes de 2022 eram mais sensĂveis para a atuação da PF. A gente tinha a expectativa de usar o mĂĄximo de policiais para que nĂŁo desse chance para qualquer tipo de crime “, completou.
Depoimentos
Entre os dias 19 de maio e 2 de junho, serão ouvidas testemunhas indicadas pela acusação e as defesas dos acusados.
Após os depoimentos das testemunhas, Bolsonaro e os demais réus serão convocados para o interrogatório. A data ainda não foi definida.
NĂșcleo 1
Os oito rĂ©us compĂ”em o chamado nĂșcleo crucial do golpe, o nĂșcleo 1, e tiveram a denĂșncia aceita por unanimidade pela Primeira Turma do STF em 26 de março. SĂŁo eles:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da RepĂșblica;
- Walter Braga Netto, general de Exército, ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas eleiçÔes de 2022;
- General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da AgĂȘncia Brasileira de InteligĂȘncia (Abin);
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretårio de segurança do Distrito Federal;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa;
- Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.Â





