DEU NO BLOG DO LUÍS TÔRRES: Hervázio e Wallber, a coragem de dizer não

Seja no Executivo ou no Legislativo, o político em exercício é instado a tomar posições frequentemente. É da natureza da função. E isso requer estratégia. Produz conseqüências. Mas, sobretudo, exige coragem. Os deputados estaduais, Hervázio Bezerra (PSB) e Walber Virgulino (PL), tiveram, no mínimo, a terceira ao dizerem não à indicação da filha do presidente da Assembleia Legislativa para vaga de conselheira no Tribunal de Contas do Estado, fazendo o que 33 outros deputados, mesmo com vontade, não tiveram coragem para fazer.

E é interessante que os dois estejam juntos nesta mesma posição porque são os que mais se enfrentam em debates acalorados no plenário da Assembleia em defesa de outras posições bem distintas.

Mas, independentemente do resultado sobre a indicação de Allana Galdino, que enfrenta questionamentos formais de todos os lados, Hervázio e Walber, já tem seus nomes inscritos no pequeno livro da história da política da Paraíba. Daqui a 100 anos, quando falarem deste assunto algum dia, será preciso dizer que ambos foram contra. Walber indo à sessão, inclusive, e votando abertamente contra. E Hervázio faltando à sessão se posicionando publicamente contrário à indicação.

É preciso lembrar que a primeira renúncia que os deputados se propuseram a fazer foi não seguir na lista de favores de Adriano Galdino, presidente da Casa e pai da pretensa conselheira. Não é fácil dizer não para quem tem a caneta. Este foi o sacrifício do presente. O sacrifício do futuro reside no fato de Allana virar conselheira. Em sendo nomeada, Allana, certamente, lembrará de Hervázio e Walber para sempre. E caso precisem algum dia discutir, defender ou intervir em favor de algum aliado político , precisarão carregar consigo o peso de sua posição.

Porém, se der algo errado no meio do caminho, com direito a acatamento de denúncias de impedimento da indicação, Hervázio e Walber, mesmo que por razões distintas, poderão ostentar no peito a frase “eu disse”, e andar com a consciência limpa de que não assinaram algo sobre o qual não tinham convicção da moralidade.

Ao que está claro, os dois preferiram ficar do lado de parte da sociedade que considerou o caso um exagero da política paraibana. E, neste sentido, além da coragem, foram estratégicos também.

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