Fundação Casa de José Américo promove oficina gratuita de xilogravura
Fundação Casa de José Américo promove oficina gratuita de xilogravura
Foto: Giane Quintela/Centro Cultural da USP

Em comemoração aos sete anos de reconhecimento do cordel como bem imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Fundação Casa de José Américo (FCJA) realiza, entre os dias 29 e 30 deste mês, na Unidade Tambaú, em João Pessoa, a oficina ‘Cadeia Produtiva do Cordel: das poéticas orais ao estilo xilo’.

Dividida em três módulos, a oficina foi idealizada pela poeta cordelista Claudete Gomes, curadora da Fundação Casa de José Américo e responsável pela difusão do Centro de Cordel e Cultura Populares do Estado da Paraíba. No primeiro módulo, ela vai falar sobre o tema ‘Do cordel à xilogravura – concepções teóricas’.

O módulo dois vai trabalhar ‘O desejo estilo xilo – técnica de preservação ambiental’; e o terceiro, ‘Xilogravura – uma técnica tradicional’. Esses dois últimos ficarão a cargo do poeta Leonardo Leal (Mané Gostoso Neto), artista e monitor com experiência na arte de cordel e xilogravura desde o ano de 2006.

Claudete explica que, diante da execução das ações dos estagiários do Projeto Limite do Visível, fruto de uma parceria da FCJA com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), foi identificada a necessidade de oferta de suporte e capacitação na cadeia produtiva do cordel que possibilite a criação de personagens “avatar” para o site do Centro de Cordel e de Culturas Populares do Estado da Paraíba (CCCP-PB).

O Projeto Limite do Visível, coordenado pela professora Lúcia Guerra, foi criado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties) e implementado pela Universidade Estadual da Paraíba. O objetivo é induzir a formação superior nas áreas de desenvolvimento tecnológico e inovação, por meio de cursos com duração de dois anos e para formação de tecnólogos em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e em Ciência de Dados.

Para a formação desses profissionais, conforme Claudete Gomes, existe uma carga horária destinada à experiência prática e realização de estágio supervisionado. Nesse sentido, a Fundação Casa de José Américo se tornou um campo de estágio privilegiado por dispor de unidades de informação abertas para a inovação tecnológica na área de Arquivo, Biblioteca e Museu.

“Essa experiência tem sido proveitosa pela oportunidade de interação, vivência e produção do conhecimento que articula tecnologia com as demandas específicas da área cultural”, afirma Claudete, ao acrescentar que a oficina é dirigida a estagiários do Projeto Limite do Visível, mas que poderá contemplar também outras pessoas interessadas.

Como esclarecimento aos participantes da oficina e ao público, o poeta Leonardo Leal antecipou que a xilogravura é uma técnica artística de impressão que utiliza uma matriz de madeira entalhada para transferir imagens para o papel ou para outros suportes. “É um processo que envolve esculpir a imagem em relevo na madeira, aplicar tinta sobre a superfície elevada e, em seguida, pressionar a matriz contra o papel para criar o impresso”, detalhou.

Em um dos cordéis de 2024, ele explica em versos e rimas que a técnica é de origem chinesa e que se espalhou pelo Japão e pelos países da Europa, ganhando grande impulso na Região do Nordeste assim que chegou no Brasil.

Leonardo Leal já ministrou oficinas em João Pessoa e em outros municípios do estado e diz que, além da madeira, essa arte também é muito desenvolvida na borracha, na pedra e no metal e que, em cada um desses suportes, a técnica é diferenciada. “Altera inclusive em termos de nome, pois se chama isogravura quando é desenvolvida no isopor”, diz ele.

O cordel foi reconhecido como bem imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 19 de setembro de 2018.

PARAÍBA JÁ