O cenário para a corrida presidencial de 2026 ganhou novos contornos nesta semana após o anúncio da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL).
A movimentação do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro gerou reações mistas entre os governadores da direita e centro-direita, variando entre o apoio irrestrito, a manutenção de candidaturas próprias e um estratégico silêncio.
O silêncio de Tarcísio e a resistência de Zema e Caiado
A reação mais aguardada foi a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Considerado pelo PT e por analistas políticos como o nome mais competitivo para enfrentar o presidente Lula, Tarcísio completou 24 horas de silêncio após o anúncio. Mesmo participando de eventos públicos no interior paulista, o governador evitou comentar a entrada de Flávio na disputa.
Em contrapartida, outros governadores que almejam o Planalto foram vocais em manter suas posições. Durante um encontro sobre segurança pública no Rio de Janeiro, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que sua pré-candidatura segue inalterada.
“A minha pré-candidatura não muda em nada. Inclusive, quando me lancei, estive com o presidente Bolsonaro comunicando-o. Nós temos a visão de que quanto mais candidatos a direita tiver, melhor”, declarou Zema.
Na mesma linha, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), avisou que não recuará e manterá seu nome na disputa pelo Executivo federal.
Apoio interno e a “bênção” da família
Dentro do PL, a fidelidade partidária falou mais alto. Os governadores Jorginho Mello (SC) e Cláudio Castro (RJ) manifestaram apoio imediato a Flávio Bolsonaro. Segundo o senador, a escolha de seu nome para a disputa teria sido feita pelo próprio pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A ex-primeira-dama e presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, também endossou a candidatura, divulgando uma nota de apoio ao enteado, desejando “sabedoria e força” na nova missão.
A cautela do PSD
Outros nomes relevantes do cenário nacional preferiram a cautela. Eduardo Leite (RS) e Ratinho Júnior (PR), ambos do PSD — partido presidido por Gilberto Kassab —, adotaram um discurso de postergação.
“Isso vai ser construído lá na frente. Nesse primeiro momento, o meu compromisso é com o Paraná. No ano de 2026 nós vamos discutir 2026”, afirmou Ratinho Júnior, indicando que as definições do partido só ocorrerão no ano eleitoral.
“Balão de Ensaio” e a visão do PT
Nos bastidores de Brasília, a leitura de líderes do Centrão (bloco que engloba PP, Republicanos e União Brasil) é de que o lançamento de Flávio Bolsonaro funciona como um “balão de ensaio”. O objetivo seria testar a viabilidade e competitividade do senador, que até o momento aparece atrás de outros nomes da direita nas pesquisas de intenção de voto.
Para a liderança do Partido dos Trabalhadores (PT), a estratégia de reeleição de Lula permanece inalterada. Os petistas avaliam que a pré-candidatura de Flávio só se sustentará caso Tarcísio de Freitas decida não concorrer. Na visão do governo federal, o governador de São Paulo continua sendo o adversário mais forte e capaz de unificar a oposição.
A definição real do xadrez político deve ocorrer apenas em abril de 2026, prazo limite para que os governadores renunciem aos seus mandatos caso desejem disputar a presidência.








