Labirintite de Lula foi causada pela queda no banheiro de outubro? Entenda

Ao saber do quadro de labirintite do presidente Lula, que o fez desmarcar a agenda oficial de segunda e terça-feira, não é incomum pensar que os sintomas de tontura e vertigem relatados podem ter relação ao traumatismo craniano sofrido pelo presidente em outubro, após escorregar no banheiro do Palácio do Planalto. Entretanto, para o médico otorrinolaringologista e membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCP) Guilherme Brassanini, o quadro de Lula é outro.

“A labirintite é uma inflamação do labirinto, que pode ser por causa infecciosa, como, por exemplo, infecção bacteriana, viral, ou até mesmo traumática. Possivelmente, não é esse o quadro do Lula. É falado labirintite, mas provavelmente ele teve um quadro de vertigem, uma tontura que pode estar relacionada a diversas possibilidades, desde alterações na pressão arterial ou no açúcar no sangue. A mais comum seria, por exemplo, uma vertigem paroxística posicional benigna (VPPB) ou alguma alteração metabólica que esteja gerando, de fato, o desequilíbrio dentro do labirinto e gerando sintomas de tontura. Isso é o mais comum. E é claro, a gente não pode esquecer que existe também uma vertigem relacionada ao envelhecimento. Idosos podem também ser mais predispostos a apresentar sintomas de tonturas. O fator idade pode também ser um fator para o agravamento desses sintomas que Lula teve”, destacou o otorrinolaringologista Guilherme Brassanini.

“Em um quadro de tontura, o exame físico é fundamental para nos dizer muita coisa. Então a gente faz algumas avaliações, alguns testes vestibulares, testes de marcha, exames, é claro, radiológicos muitas vezes, como a ressonância, ou tomografia. Então dificilmente a gente pode relacionar esses sintomas que ele teve à queda a esse tempo atrás. As causas mais comuns ali podem ter sido diversas, até um pico de estresse, ansiedade, parte emocional, pode contar também. Quem sabe, o presidente não estava estressado, ansioso com alguma situação que gerou desconforto e acabou tendo como sintoma também esse quadro de vertigem associado”, finalizou.

Para o neurocirurgião e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), Raphael Bertani, o trauma sofrido em outubro não é capaz de desencadear meses depois um sintoma tão específico.

“Provavelmente não tem relação. A hemorragia de outubro foi causada pelo traumatismo craniano, o que é relativamente comum em pacientes idosos – pode ocorrer uma hemorragia cerebral tardia após o trauma inicial. Já a labirintite é um quadro completamente diferente, que afeta o ouvido interno e não tem correlação com o acidente anterior. São duas condições médicas distintas que coincidiram temporalmente, mas sem nexo causal entre elas. Entretanto, alguns pacientes neurológicos, mesmo com história de trauma craniano, podem sim apresentar tonturas e quadros semelhantes ao de labirintite. Nesses casos, as alterações do equilíbrio podem ter origem central, relacionadas ao comprometimento de estruturas neurológicas responsáveis pelo controle vestibular, e não periférica como na labirintite clássica. É importante fazer essa diferenciação diagnóstica, embora no caso específico do presidente os exames tenham descartado essa possibilidade”, explicou Bertani.

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